Segundo Maximiliano Martinhão, país responde por apenas 2,4% do mercado global de tecnologia da informação. “O potencial econômico dessa revolução global é multibilionário, mas a participação do Brasil ainda é baixa”, afirmou.
Maximiliano Martinhão destacou que o setor de tecnologias corresponde a 9% do PIB brasileiro.
O Brasil deve ampliar sua participação no mercado global de tecnologias digitais, defendeu nesta quinta-feira (15) o secretário de Política de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Maximiliano Martinhão, durante a abertura do seminário “A internet na América Latina e a contribuição econômica do sistema digital”, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília (DF). Segundo o secretário, o país deve definir uma estratégia para ampliar os investimentos no setor por meio de um “ecossistema” com a participação dos setores público e privado.
“Mais de 50% da nossa população têm acesso à internet hoje. O setor é um grande gerador de empregos e desenvolvimento industrial. São mais de 1,5 milhão de empregos nessa área, respondendo por 9% do PIB. O potencial econômico dessa revolução global é multibilionário, mas a participação do Brasil ainda é baixa. O que temos de ter é uma estratégia nacional para esse ecossistema digital, envolvendo os setores públicos e privados”, afirmou.
Segundo o secretário, o Brasil responde hoje por aproximadamente 2,4% do mercado global de tecnologia da informação e 0,5% em data centers. “Eu considero que há 60 anos o esforço do país foi para trazer industrialização. Agora o esforço é, exatamente, para aproveitar as oportunidades do ecossistema digital. Podemos liderar o movimento na América Latina com nossa economia diversificada e um país criativo. Nossos cidadãos aderem fácil à inovação e à tecnologia. Então, existe uma oportunidade grande e, para se beneficiar dela, temos de trabalhar juntos”, defendeu.
Para o consultor em telecomunicações e professor da Escola de Negócios da Universidade de Columbia (EUA) Raul Katz, o consumo e o desenvolvimento da internet estão acelerados na América Latina, mas há atrasos no setor industrial em relação à incorporação das tecnologias nos processos produtivos.
“Aproximadamente 60% da população latino-americana já consulta a internet de maneira constante e regular. Na última década, a digitalização brasileira do consumo cresceu mais de 8% ao ano e vai se aproximando do que acontece nos países industrializados. O setor está muito avançado na aquisição tecnológica, mas atrasado na incorporação das tecnologias nas estruturas de produção. Esse é o grande desafio se observarmos o futuro e o crescimento da produtividade nos próximos cinco ou dez anos”, afirmou.
A constatação é fruto de um estudo realizado por Katz sobre o ecossistema digital na região a pedido da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) e a Fundação Telefônica. Segundo a pesquisa, enquanto Israel investe 818 dólares por habitante ao ano no chamado ecossistema digital e os Estados Unidos, 415 dólares, no Brasil, os investimentos não ultrapassam 1,8 dólar por pessoa.
Políticas de aceleração
Durante o seminário, o coordenador-geral de Serviços e Programas do MCTIC, José Henrique Dieguez, apresentou duas iniciativas do ministério para impulsionar o setor produtivo e a capacitação de pessoal em Tecnologia da Informação (TI). São elas o Start-Up Brasil, que contribui para a aceleração do ecossistema nacional de empresas inovadoras de base tecnológica recém-criadas, e o Brasil Mais TI, que oferece cursos de capacitação a distância em TI.
“Nas quatro turmas que já tivemos no Start-Up, 183 empresas foram capacitadas. Destas, apenas 14 fecharam as portas”, afirmou ele, referindo-se à trajetória do programa que completa quatro anos em novembro.
“Nas chamadas púbicas nunca fechamos um tema específico. As propostas têm que ter qualidade, caráter inovador e potencial de crescimento. Algumas propostas apresentam alto nível tecnológico. Temos startups de todos os cantos do Brasil. Os investimentos privados na aceleração das empresas dentro do programa somam R$ 103 milhões. A cada R$ 1 colocado pelo governo, atraímos R$ 3 de investidores privados. Percebemos o seguinte: se o projeto é bom, ele vai ter investidores”, disse.
Dentre os projetos de sucesso do Start-Up Brasil, destacam-se o Superplayer, um serviço de recomendação musical que oferece ao usuário a playlist ideal para cada momento do seu dia; o Love Mondays, uma comunidade de carreiras onde o usuário encontra a empresa ideal avaliada por outros profissionais; o Klipbox, voltado para o monitoramento de informação com um robô de busca e indexação, atendendo a profissionais e empresas de comunicação.
Fonte: MCTIC